sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Um rei do Povo



Foto: Wallace Barbosa
Trago para vocês meus amigos, uma pequena relíquia de minhas pesquisas na rede mundial de computadores, acontece que em 1978 o advogado José de Souza Martins Filho, conhecido como Zezito o qual foi prefeito da cidade de Umarizal por diversas vezes ( 1966-1971 e 1973-1977) foi candidato ao senado da república, o mesmo não conseguiu lograr êxito pois teve uma votação de pouco mais de 20 mil votos pelo PDS o partido que apoiava os governos militares, no entanto conseguiu se firmar como primeiro suplente do senador Jessé Pinto Freire, este veio a falecer em 1980 em decorrência de problemas cardíacos. Zezito como é conhecido assumiu o cargo no senado, ficando até 1986 sendo ainda candidato a reeleição em 1986  agora já pelo PMDB, que compunha a coligação “Novos tempos, novos ventos” (PMDB,PCB, PCdo B), infelizmente novamente não logrou êxito, mas há de se destacar sua expressiva votação de 395.449 votos ( 23,4% do eleitorado)  maior do que de seu companheiro de chapa Wanderley Mariz  também do PMDB que teve 393.754 votos ( 23,3% do eleitorado)  o qual já era de tradicional oligarquia política, e que também não obteve êxito. Mas o fato é que o ex-senador e ex-prefeito Zezito fez história, e a diferença dele para o senador menos votado eleito que foi o ex-senador Lavosier Maia foi de apenas 13.061 votos, pois a votação de Lavosier foi de 408.510 votos (Dados do TSE).  Além de fazer parte da história de Umarizal, ele fez parte da história do Rio Grande do Norte.
Ao assumir a revista Veja (1980) fez um pequeno artigo cujo título era “Um rei do Sertão: O dono de Umarizal é o caçula do Senado”, há de salientar a semelhança entre esse título do pequeno artigo dedicado ao senador Zezito na Veja, e o título do documentário sobre o ex-deputado Federal Theodorico Bezerra ( Tio do Ex-senador Fernando Bezerra), o documentário foi feito em 1978 pelo cineasta Eduardo Coutinho e foi exibido no Globo Repórter daquele ano, e o título era : “Theodorico, O imperador do sertão”, ao que parece o jornalista da revista veja só trocou imperador por rei e teceu suas impressões sobre Zezito, apontou o  fato dele não ser casado no civil com sua esposa Maria da Conceição de Souza, e que isso lhe permitiu apoiar  sua esposa como candidata a prefeita de Umarizal a qual venceu as eleições que disputou, talvez a liderança do ex-senador dentro do município fora interpretada equivocadamente pela revista como autoritarismo, visto que a revista o trata como “dono de Umarizal”. Outro ponto é que esse mesmo autoritarismo de que foi acusado de forma subtendida, ele como senador ajudou a combater, pois não ficou no PDS indo para o PMDB, na obra Arquivo S: O senado na história do Brasil, Westin e Bazilio (2016) citam que ele na véspera da posse de Tancredo Neves, sobe a tribuna para explicar o que representava a posse de um civil na presidência da república, pois segundo ele no trecho transcrito pelos jornalistas o ex-presidente Tancredo era a representação da esperança do povo brasileiro que tinha ido às ruas em buscas das eleições diretas.
O texto da revista além de tentar criar um estereótipo do senador  Zezito como coronel “dono de Umarizal” , ainda termina dizendo que o mesmo vinha ao congresso com um pequena plataforma “apoiar o governo” , o que mais uma vez se mostrou uma aposta equivocada do jornalista da Veja pois em seu discurso de posse no senado publicado por S. Junior (2009) apud Um cooperativista no senado da República(1984), podemos ver que o ex-senador tinha uma plataforma concreta: defender o cooperativismo, e  a agricultura como uma forma trazer o desenvolvimento da nossa região do Alto Oeste, fazendo uma analise desse discurso, podemos ver um homem preocupado com a economia primária, e com volta da democracia como inclusive já foi abordado no trecho do arquivo S, um homem humilde que aceitou os desígnios de Deus, ou como ele mesmo disse os desígnios do Grande Arquiteto do Universo. Apesar da crítica, o texto  da revista Veja (1980) é por assim dizer uma relíquia que agora eu disponibilizo para vocês leitores logo abaixo.

OBS 1:Essa postagem marca oficialmente minha volta a esse blog.
OBS 2: Umarizal não tinha 20 mil habitantes em 1980, esse número provavelmente deve ter sido a votação do ex-senador em 1978, que obviamente não se restringiu ao município de Umarizal.
OBS 3: O ex-senador Martins Filho (Zezito) era sobrinho de dona Márcia Leite da Cunha esposa do cooperativista Bonifácio Cândido da Cunha, este era primo legítimo de meu avô materno Luiz Gonzaga da Cunha e de minha avó paterna Elita Tranquilina da Cunha, primo segundo de minha avó materna Maria do Carmo Amorim e ainda primo ligítimo de minha bisavó Maria Joaquina da Conceição ( mãe de meu avô paterno Martiniano José de Oliveira), e ainda este era tio de dona Maria Otávia de Oliveira, segunda esposa de meu avô Martiniano.
OBS 4: Assim como procurei citar todas  fontes para criar o referido texto e disponibilizar aqui na web a matéria também gostaria de ter meu direito autoral respeitado.
Referências:
Veja. Editora Abril (Ed.). Um rei do Sertão: O dono de Umarizal é o caçula do senado. São Paulo, n. 633, p.1-25, 22 out. 1980. Semanal.
WESTIN, Ricardo; BAZILIO, Bruno. Arquivo S: O Senado na história do Brasil. 2. ed. Brasilia: Senado Federal, 2016. 63 p.
S. JUNIOR, Manuel Lino de. Discurso de Posse de Martins Filho no Senado Federal. 2009. Disponível em: <http://umarizalemdia.blogspot.com.br/2009/10/discurso-de-posse-de-martins-filho-no.html>. Acesso em: 26 jan. 2018.